segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quantos empregos criam o TGV e o Novo Aeroporto? - Interesses especulativos dos terrenos a dominar? Pressão de Espanha

Com uma gravissima crise económica  às costas, com desemprego estrutural,  a questão que se tem de colocar é a de se o TGV, o Aeroporto e a 3ª Ponte são o passe de mágica para a solução desses problemas, neste momento.
Quantos empregos , para portugueses, criam  esses investimentos?
Em termos de custo/benefício  há vantagem?
Não há!
O Governo sabe que esses investimentos criarão pouco emprego para os portugueses e serão um sorvedouro de dinheiro, que a nenhuma luz é aceitável, neste momento.
Sei da sensibilidade do investimento no TGV, porque Espanha apostou no complemento da linha Madrid/Badajoz até Lisboa para a rentabilizar.
Nem digo que não seja uma preocupação legitima para Espanha, pois conta com ela desde o início.
Acredito que Espanha pressiona o Governo Português.
Todavia as coisas estão muito complicadas para Portugal. Repensar e redefinir o investimento é legitimo e aceitável para Portugal.
Todo o Alentejo terá pouco benefício com o TGV, porque ele concorre com a A6, a Auto-Estrada Marateca/Elvas e não é uma mais valia para os municipios alentejanos. As estações de apoio terão de ser poucas , pois o TGV não pode ser o Intercidades ou o Regional.
Quanto ao Aeroporto, a primeira coisa que me ocorre é que ele não é necessário nos próximos anos.
Depois lembro-me que na Grécia, em Atenas, desde 2001 que há um novo aeroporto, aliás funcional, muito bonito, mais ou menos no lugar onde estava o antigo Olimpic, que tinha pouco mais que um barracão quadrado - em 1990 primeiro ano que visitei a Grécia - e que urgia  ser substituído.
Mas não foi o aeroporto de Atenas, o novo, que alavancou a economia grega. Todos sabemos como está.
A segunda coisa que me ocorre é que parece que o que norteia o Governo é a pressão dos interesses imobiliários que avançaram para a zona onde está programado o aeroporto.
Interesses angolanos, de alguns grupos que antes tinham investido na zona da OTA.
Não há mal em se querer ganhar dinheiro. E ainda menos problemas no investimento angolano, que é bem vindo sendo os angolanos como que irmãos.
Mas face à profundissima crise as forças da Nação vão para betão, o luxo do TGV quando as nossas linhas férreas  convencionais são as mais degradadas e as menos adequadas da União Europeia?
Vamos ficar com o TGV e ao mesmo tempo com a linha para o Algarve , linha única?
A linha para a Beira Alta, linha única?
Falta visão estratégica ao Governo do PS. Uma visão selectiva do que deve ser a nossa economia, quais os sectores em que se deve apostar.
Cavaco Silva na Ovibeja pediu para se comprarem produtos agrícolas portugueses. Muito bem!
Mas quais produtos?
Carne que não chega? Leite que não chega? Legumes que não chegam? Fruta que não chega? Batatas que apodrecem? Trigo que não produzimos? Carne de porco que não temos? Carne de borrego que não temos?
Peixe que não pescamos? Marisco que não apanhamos? Bicicletas que não produzimos? Motos e motorizadas que não produzimos? Armas e munições que não produzimos? Azeite que não produzimos?
O TGV e o novo aeroporto são bens superfluos, sem efeito multiplicador a médio prazo, que servem para endividar cada vez mais Portugal e que não podem ser considerados estratégicos para a nossa economia, neste momento.
 
E já agora, porque é que o TGV tem de ser por Badajoz/Madrid e não se apostou na ligação a França pelo norte? Por Vigo/Irun, que é mais perto, menos custoso e mais útil para a economia portugesa?
É claro que eu sou alentejano e a passagem do TGV pelo Alentejo poderia aparecer como um benefício para o Alentejo. Mas não me parece.
Nem mesmo a ligação do Porto de Sines a Espanha me parece possível com o TGV, porque as linhas do TGV não servem para transporte de mercadorias, muito mais lento e complexo.
 
Como dizem os caboverdeanos, a cabeça não pode servir só para por o chapéu.
 
 
 
 
 

6 comentários:

  1. Meu Amigo,
    Segundo especialistas parece que do TGV a curto prazo só restarão os carris, pois as carruagens já são obsoletas. Por outro lado a espanha pressiona-nos pois enquanto o TGV só se cingir ao seu territórrio parece que não tem direito a verbas da UE. Daí o forçar a nota! Mas à imagem dos Países nórdicos nás naõ temos nem necessidade nem qualquer vantagem num meio de transporte que só serve com uma grande área continental. O Aeroportoem Alcochete poderá ficar para as calendas gregas, pois de momento o da Portela ainda chega para as encomendas. E a terceira ponte poderá igualmente esperar por melhores dias. É que o emprego que possam gerar não será para os nacionais e será sol de pouca duração, depois voltará tudo à primeira forma. Agora que há interesses financeiros isso há , não tenhamos dúvidas e será isso que os faz correr...
    E por aqui me fico...
    Luís

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  2. O mais engraçado (não tendo graça nenhuma, pois claro) nesta coisa dos comboios, é que se pararmos para pensar, vemos que:
    Temos um serviço Alfa Pendular que poderia andar a 250km/h, mas só anda a 220 km/h. No entanto, faz Porto (Centro) até Lisboa (Centro).
    Queremos um TGV que será mais rápido (embora com a dimensão do nosso país e com as paragens previstas pelo trajecto, tenho algumas dúvidas que se consiga atingir a velocidade máxima durante muitos períodos). A grande diferença entre os dois serviços (para lá do preço), é que o TGV não vai chegar a Lisboa (Centro)... para ir até Lisboa, é necessário apanhar um meio de ligação, o que provavelmente nos irá custar o tempo que se ganhou na viagem "rápida".

    Claro que isto tudo, eram argumentos para a ligação Porto - Lx... que pelos vistos será a última a ser feita (se alguma vez!)...

    Cingindo-nos à que está prevista no imediato... ora se eu tenho aviões low-cost a fazer Lisboa - Madrid em menos de uma hora, e por 1/3 do preço do TGV... vou querer andar de comboio para quê? Ah! Já sei! Os senhores Ministros, os Deputados e os Grandes Empresários deste país, são finos demais para andarem em Low-Cost!

    Vão todos mas é para o caraças! Querem grandes obras públicas???? Querem estimular a economia?
    Façam novos hospitais e novas escolas! Renovem vias de circulação estranguladas, pontes que estão a cair de velhas, reabilitem monumentos, promovam o turismo, tratem de fazer obras de preservação da zona costeira para travar a imensa erosão!

    Façam coisas! Mas por favor, parem de fazer MERDA!

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  3. Caro
    Dr.
    Martins,
    Como sabe, sou um homem que já esteve de certo modo ligado à problemática ferroviária, e desde os anos 80, altura em que se começou a falar de alta velociade para Portugal, que tal tema me tem levado a estudar, não só as várias razões para o seu aparecimento como as várias soluções encontradas para resolver o problema nos diversos países, mas, como é um artigo que quero , ao mesmo tempo torná-lo compreensível e por outro não deixar de faltar ao rigor, terei pois, de ter algum tempo disponível para alinhar tal assunto, de qualquer modo, conto até aopróximo fim-de-semana ter já o artigo alinhado.
    Vamos tentar ver este assunto de uma forma mais racional e menos emocional.
    Um abraço.

    LUSITANO

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  4. Opina Pedro Vargas:"Querem grandes obras públicas????" Sim , uns e outros querem fazer grandes obras o fito é gerir os milhões que investimentos desta ordem de grandeza comportam! Sem levar em consideração as DERRAPAGENS habituais como exemplo das obras do METRO(L/P), CASA DA MÚSICA, CCB (O.D.- Bento XVI) entre outras. É que já ouvimos falar na necessidade de promover a construção de outra obra faraónica: Central para produção de Energia Nuclear. Façam novos hospitais e novas escolas! Renovem vias de circulação estranguladas....... Isto sim, porque num país onde até existe um Banco Alimentar contra a Fome não faz sentido promover obras que só de "gente rica" quando o país está de cócoras. Nem oito, nem oitenta. Bem hajam

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  5. A verdade nua e crua é esta: Somos pobres...mas, a nossa maior pobreza reside na nossa incapacidade para investir bem o pouco dinheiro que temos!

    As nossas "elites" intelectuais, salvo honrosas excepções, não passam de "ajuntadores" de conhecimentos, querendo enriquecer e ficar na História. Falta-lhes a sabedoria de perceber o essencial.

    E o essencial consiste na emancipação do Povo Português da "colonização" tecnológica das nações desenvolvidas. A nossa pobreza continuará a ser fomentada por essas nações. Apesar das ajudas suicidas que nos proporcionam, a verdade é que precisam de nós.

    Somos nós e outros países pobres que sustentamos a elevada qualidade de vida da sua população comprando-lhes todas os equipamentos de que necessitamos, a preços obscenos. Sei do que falo.

    E quando algum Portuguesito mais esperto, cheio de genica, sabe e quer fazer qualquer coisita nova, "ai Jesus"; Leis, regulamentos e fiscalizações sem fim. São as Directivas comunitárias hein?.

    E se o nosso Portuguesito avança, bravamente, seis meses depois lá virá nova vaga, com seus capatazes à frente; outros portuguesitos, iluminados pelas tais directivas, todos inchados, a exigir, a proibir, a fechar...na senda do progresso... directivas muitas vezes patéticas, que ninguém consegue decifrar com rigor!

    Pois é! Está em curso um gigantesco processo de concentração económica, que vai fechar milhares de pequenas empresas, gerar milhares de desempregados, promover a desertificação e fomentar o centralismo. Tudo à sorrelfa! Só quem está por dentro é que sabe!

    Os ideais de Abril reduziram-se aos apelos ao grande capital para tomar conta de nós!

    D. João II deve estar a dar voltas na tumba!

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  6. E, meus amigos, não será só o TGV, o aeroporto e a 3ª ponte sobre o Tagus(park)... eheheh! Vamos construir por cá e também, o maior Centro Espacial da NASA - Filial Europeia, para mandar super foguetões TGV para Marte, carregadinhos de energúmenos ministros, secretários e outras alimárias, algumas com duas bossas - chamadas de "dorme-dários", precisamente oriundas do lugar a construir... "jamé" deserto.
    Tudo isto será viável e mais, super lucrativo, pelo fabuloso retorno que obteremos dos Marcianos, na paga de cambada tão reluzente e "sui generis", nunca imaginada lá por Marte e de que, por cá, sofremos pela sua demasia.
    Assim, desta fantástica transacção, ainda sobrará valor suficiente para ajudar a Alemanha a suprir a Grécia... percebem?!...
    Ehehehehe!... só mesmo a "grasnar", se pode comentar tanta idiotice junta.

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